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"EDUCAR É MOSTRAR A VIDA A QUEM AINDA NÃO A VIU..."
"Sem a educação das sensibilidades, todas as habilidades são tolas e sem sentido." RUBEM ALVES

Este blog traz a experiência de grupos de professores que estão participando do curso de formação Pro-letramento: Alfabetização e Linguagem
( Afonso Cláudio/ES -2009).

domingo, 26 de abril de 2009

MODOS DE FALAR E MODOS DE ESCREVER

REDAÇÃO CRIATIVA E VENCEDORA

Num processo de seleção da Volkswagen, os candidatos deveriam responder a seguinte

pergunta:

Você tem experiência?

A redação abaixo foi desenvolvida por um dos candidatos. Ele foi aprovado e seu texto está fazendo sucesso...

Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar, já me queimei brincando com vela. Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto, já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo. Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista. Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora.

Já passei trote por telefone. Já tomei banho de chuva e acabei me viciando. Já roubei beijo. Já confundi sentimentos. Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido. Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro, já me cortei fazendo a barba apressado, já chorei ouvindo música no ônibus. Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer.

Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas, já subi em árvore pra roubar fruta, já caí da escada de bunda. Já fiz juras eternas, já escrevi no muro da escola, já chorei sentado no chão do banheiro, já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante.

Já corri pra não deixar alguém chorando, já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só. Já vi o pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado, já me joguei na piscina.

Sem vontade de voltar, já bebi uísque até sentir dormentes os meus lábios, já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.

Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso, já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial. Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar. Já apostei em correr descalço na rua, já gritei de felicidade, já roubei rosas num enorme jardim.

Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um “para sempre” pela metade. Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol, já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.

Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú, chamado coração.

E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita: Qual a sua experiência? Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência... experiência...

Será que ser “plantador de sorrisos” é uma boa experiência? Não!!! Talvez eles não sabiam ainda colher sonhos!

Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta:

EXPERIÊNCIA?

Quem a tem, se a todo momento tudo se renova?

O texto acima foi debatido no primeiro encontro de estudo do fascículo 7. Iniciei o encontro questionando os cursistas a respeito da seguinte questão: É MAIS FALAR OU ESCREVER? A maioria disse que é mais fácil falar do que escrever.

Apresentei para eles, em seguida, duas redações: uma de um aluno meu, que estuda no primeiro ano do Ensino Médio e a outra é esta, Você tem experiência?.

A leitura dos textos teve como objetivo, instigar os cursistas a respeito de suas experiências enquanto falantes e escritores.


Depois fizemos a leitura da introdução do fascículo e assistimos ao vídeo Relato 1. Terminamos o encontro ratificando nossas ideias iniciais sobre a diferença entre falar e escrever.


Um comentário:

Patrícia Lerbarch disse...

Eu tenho uma pergunta a fazer a quem escreveu este texto:O que faz ele querendo ser funcionário da Petrobrás e não se empenha em emocionar as pessoas com suas palavras?